A temporada de balanços do 4º trimestre de 2024 das empresas abertas no Brasil começou na quarta-feira, 5. Toda empresa listada na B3 é obrigada por lei a divulgar suas Demonstrações Financeiras (DFs) a cada trimestre. Esse documento traz um histórico...
A temporada de balanços do 4º trimestre de 2024 das empresas abertas no Brasil começou na quarta-feira, 5. Toda empresa listada na B3 é obrigada por lei a divulgar suas Demonstrações Financeiras (DFs) a cada trimestre. Esse documento traz um histórico financeiro e detalha a capacidade da empresa de crescer e gerar lucro.
Assim, quando um investidor decide comprar uma ação pode até ter simpatia por uma empresa ou ser cliente dela. Mas, além da admiração por uma marca, é preciso estudar para decidir se vale a pena tornar-se um sócio.
Além da leitura do cenário (crescimento do país, do setor, câmbio e tendências de consumo), é fundamental avaliar os demonstrativos financeiros das empresas. Dessa maneira, o investidor pode ter mais segurança para manter, comprar ou vender ações.
O Balanço Patrimonial, ou Demonstrações Financeiras, se dividem em três grupos principais: Ativos, Passivos e Patrimônio Líquido.
Ativos: Também conhecidos como bens e direitos, são os recursos disponíveis, os investimentos em máquinas e bens patrimoniais, dívidas e recursos a receber.
Passivos: Também chamados de obrigações, incluem salários e impostos a pagar, bem como dívidas e outras contas que a empresa tem a arcar.
Patrimônio líquido: é a riqueza de uma companhia. Do ponto de vista contábil, compreende a diferença entre ativos e passivos. Esse número, em geral, representa o capital da empresa disponível para remunerar os acionistas e realizar investimentos. Lucros podem ser acumulados e usados para os pagamentos aos sócios ao longo do tempo, enquanto prejuízos podem levar a uma redução do PL. A partir do patrimônio líquido, outro dado importante é calculado: ROE (sigla em inglês para retorno sobre o patrimônio líquido), que dá ideia da rentabilidade do capital de uma companhia. Quanto maior o ROE, mais lucro a empresa está gerando a partir do valor investido pelos acionistas.
A DRE, como é chamada a Demonstração de Resultados, é considerada a parte mais importante dos demonstrativos para o investidor. Nela estão as receitas, os custos e as despesas, e, por fim, o lucro líquido do período demonstrado.
Outros três indicadores da DRE devem ser observados atentamente pelo investidor: receita, Ebit (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos) e lucro.
A receita líquida é todo ganho de uma empresa com suas atividades-fim, como a venda de um serviço ou de um bem, descontados impostos sobre as vendas, abatimentos e devoluções.
O próximo dado do demonstrativo é o Ebit, valor que desconta da receita líquida os custos e despesas da produção e operação, como aluguéis, mão de obra, insumos e transportes. De maneira simples, esse valor é considerado o lucro operacional.
Por fim, o investidor saberá se a empresa deu lucro ou prejuízo no período reportado. Ao retirar do Ebit os impostos sobre a renda chega-se ao lucro líquido da companhia. Esse ponto traz um dos dados mais utilizados na hora de decidir comprar, manter ou vender uma ação: o P/L, preço sobre o lucro. Trata-se de um indicador que faz a relação entre o valor de mercado de uma ação com o lucro por ação apresentado ou projetado pela companhia.
Warren Buffett, um dos maiores investidores do mundo, considera que não basta saber se a empresa deu lucro recentemente. Para ele, é importante saber se há constância no lucro analisando as DREs dos últimos 5 a 10 anos.
Além do balanço patrimonial e do DRE, a terceira parte importante ao analisar empresas é a Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC).
O fluxo de caixa é a representação das movimentações financeiras de uma companhia no período. Com ele, pode-se entender as movimentações em suas principais atividades: operacionais, de investimento e de financiamento.
O fluxo de caixa fornece informações preciosas sobre as origens e os destinos dos recursos financeiros da companhia. Desta forma, é possível analisar se o planejamento financeiro é adequado à realidade do momento, e se há riscos futuros de uma companhia não cumprir com seus deveres, ou seja, se tornar insolvente. O investidor deve estar atento a dados como geração de caixa negativo, EV/Ebitda muito alto, dívidas altas com pouco caixa, principalmente se são dados que persistem em conjunto.
As técnicas de análise das DFs são vindas das áreas de contabilidade, matemática e estatística. Elas foram sendo aprimoradas e sofisticadas ao longo do tempo, mas as principais técnicas apresentadas a seguir seguem sendo as mais usadas para avaliar as empresas, cada uma delas servindo melhor para um resultado específico.
Análise Horizontal: analisa a evolução dos resultados ao longo do tempo – trimestres e anos.
Análise Vertical: analisa o peso de cada item do balanço para os resultados de um mesmo período.
Indicadores Econômico-financeiros: avalia dados como liquidez, margem operacional, rentabilidade, endividamento e geração de valor para entender a saúde financeira da empresa.
Diagrama de índices: é o método mais adotado para avaliar a rentabilidade da empresa.